Naquele dia o tempo já não estava propício para sair de casa. Mas nem isso o segurou. Sentia que sempre poderia estar perdendo, ao se "entocar" demais, uma oportunidade, seja no amor nos negócios... em verdade passava ele mais tempo fora que dentro de casa... Pouco tempo dedicava a si mesmo. Gostava mesmo era de saber como estavam os outros, e se pudesse ajudar faria tudo para isso...

Neste dia, neste exato dia, um augúrio lhe dizia algo, da qual não percebeu se era para sair ou não de casa, se não bastasse o mal tempo que se fazia na cidade.

Como ele sempre foi oportunista acreditou que era uma mensagem que aquele era o dia de encontrar um grande amor ou fazer um ótimo negócio...

Que fosse por sorte ou não ele consegui mesmo um bom negócio aquele dia... Ele vendedor de seguros de vida, consegui vender aproximadamente 2000 mil apólices. Nunca alguém havia conseguido tal marca em apenas um dia. Ele mesmo nunca imaginou-se comprando um, achava besteira, dizia sempre:

- Eu não nasci para morrer cedo... E quando for minha hora já estarei mesmo à beira dos meus 100 anos.

Mas sempre lhe dizia uns de seus amigos..

- Para morrer basta estar-se preparado...

(com um ar todo sobrenatural, mas ninguém nunca quis saber o que “preparado” queria na realidade dizer)

Mas no final todos que o conheciam sabiam do seu pavor pela morte. Naquele dia para sua surpresa ao sair, via de passagem felicíssimo por seu sucesso no trabalho, do serviço, já se faziam oito horas da noite, ele ao contrário do costume foi com seus amigos a um lugar aconchegante da cidade para curti o dia de sorte que teve.... Foi como que um susto, ao entrar no ambiente viu, sentada à mesa, uma mulher, deslumbrante, vestida vermelho, não pode segurar-se... Sentiu-se incontrolavelmente atraído por ela... Foi então que decidiu falar com ela... Pediu a si um Martine e ofereceu-se a pagar a mulher uma bebida... Ela aceitou...

- Qual vosso nome?
Perguntou ele sem pestanejar...

- Chamo-me Aurora...
Falou ela abrindo um lindo e delicado sorriso.

Ele pode sentir ao ouvir aquela doce voz que o mundo é demasiado pequeno para o sentimento que o consumia.

- Você não me parece estranho «disse ela» creio já ter visto-vos. Como que se algo em mim me desse a impressão que temos uma ligação...

Ele se sobressaltou... Não esperava tanta química num primeiro encontro. Ele não soube responder-lhe. Ficou a olhá-la, como que se fosse um diamante altamente valioso e ele um joalheiro.

- Acreditas em amor a primeira vista? «perguntou ela, com um lacônico sorriso no rosto» Não me entenda mal, mas algo me diz que estou presa a ti ainda que possa ser muito estranho.

- Acredito «disse ele, quase que instantaneamente» acredito demasiadamente. Se nele não cresse talvez não viesse falar contigo agora. «ele não podia acreditar no que estava presenciando»

Conversaram, depois daquele estranhável começo, por horas e horas... Os amigos dele já haviam ido a tempos e ele perdido nas palavras de aurora nem viu o tempo passar. Quando deram por si a madrugada já floria e a lua já estava a adormecer para dar lugar ao sol. Saíram, pois o bar já estava a ponto de ser fechado... Decidiram andar a pé um pouco e aproveitar o lume de lua que ainda sublimava toda as paisagens daquela cidade campestre.

Sentaram-se num banco de madeira velha, ainda molhado pela chuva, que ficava numa praça toda povoada por arvores das mais distintas espécies. Haviam postes de luz na praça, um dos quais ficava justamente sobre o banco do qual estavam sentados. Um vento gélido soprava do horizonte dando um ar romântico a cena dos dois.

- Veja. (disse-lhe ela, apontando para o horizonte onde a lua sob um lume forte e argênteo aparentava um brilho esplendido. Lua esta que estava circundada por vários anéis de N's cores)
- O quê? (perguntou ele). Ela só não pode ser mais linda que vois.

Ela sorriu e ruborizou-se no mesmo momento. Os olhos se cruzaram e então ele a beijou. Perderam-se no tempo e no espaço. Pareciam que tudo estava perdido no único momento... Quando reabriram os olhos... O sol já havia aparecido, o arrebol estava maravilhoso e cativante. De mãos dadas saíram.

- Este dia foi o mais perfeito de meus anos de vida «ao dizer teve um flash, no qual ouviu seu amigo lhe dizer, - para se morrer basta estar preparado - e parecia a ele que estava mesmo preparado, mas deu de ombros» nunca fui tão feliz.

Ela sorriu e eles caminharam, sobre o chão ainda molhado.

- Tudo que é perfeito, maduro, deve morrer.«e retirou de uma arvore uma maça e deu a ela, com o qual ela agradeceu»
- O mundo poderia ser um dia ensolarado de amor «disse-lhe ela»
- E de intensidade eterna «completou ele»

Passaram por alguns comércios que já começavam a se abrir... Pararam alguns segundos para ver o nascer do sol... e saíram...

Foi quando despediram-se...

- Um último beijo? «pediu ela»
ele arrepiou-se todo...

-todos do mundo «respondeu ele»

Então beijaram-se... Em meio a luz solar que lhes dava um sabor de glamour.

E com um ultimo abraço e toques de mãos. Abandonaram-se.
Quando ela já havia virado a rua lembrou-se que não sabia o nome do tal fulano... Tal havia sido teu encantamento que não precisou dele.

Ele dirigiu-se a sua casa e ela a dela. Onde deitaram e dormiram e não acordaram jamais.

E sempre lhe recorriam este sonho, cada qual em seu sepulcro, após já há dez anos... Do dia em que ambos mataram-se, por amor... Envenenados, cada qual deitado em sua cama.

0 Comentários:

Blogs

Postagens populares

Labels

Tecnologia do Blogger.